A produção histórica realizada nos séculos XIX e
XX influenciou e modificou antigos objetos de estudo dos historiadores, que
passaram a compreender e incorporar novas tendências analíticas
e historiográficas
- sobretudo da Ecóle
dos Annales
(1929), na França, em seus estudos. Ao adotarem um novo método
para se "escrever a história, a nova corrente histórica
trouxe novos campos temáticos, como a inclusão do cotidiano, das
mentalidades, das sociedades, da cultura; da tradição oral e porque não dizer,
de uma nova construção da história política e econômica.
Privilegiando uma discussão historiográfica que é por
si só extensa,
trata-se de verificar qual o papel a ser desempenhado pelo historiador, como
observador- escritor. Cabe ao historiador selecionar e analisar as fontes históricas
escolhidas por ele e estar atento ao grau da sua
interferência ( parcialidade/ imparcialidade), na produção textual de sua trama.
Pode-se
afirmar que o interesse do historiador é subjetivo. Sua análise decorre de suas
preferências pessoais, institucionais; ou mesmo de uma ideia que lhe veio a
mente. A liberdade de escolha temática do historiador para escrever
sobre um evento histórico,
não pode sob nenhuma hipótese, ser confundida com arbitrariedade. O
trabalho do historiador exige dele uma compreensão das tramas (citando mais uma
vez o termo usado por Paul Veyne); assim como uma análise comprometida dos fatos históricos.
A explicação histórica dada pelo historiador deve servir para
explicitar os acontecimentos; para oferecer uma compreensão ao leitor de
determinados eventos históricos, sob um olhar que é cientifico, treinado para
decifrar o fato histórico, para relativizar culturas (sem realizar qualquer tipo de julgamento de valores), e por fim, para
manter o seu compromisso com a verdade histórica.