terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O HISTORIADOR E SUA IMPORTÂNCIA NA RECONSTRUÇÃO DO FATO HISTORICO

        

            A produção histórica realizada nos séculos XIX e XX influenciou e modificou antigos objetos de estudo dos historiadores, que passaram a compreender e incorporar novas tendências analíticas e historiográficas - sobretudo da Ecóle dos Annales (1929), na França, em seus estudos. Ao adotarem um novo método para se "escrever a história, a nova corrente histórica trouxe novos campos temáticos, como a inclusão do cotidiano, das mentalidades, das sociedades, da cultura; da tradição oral e porque não dizer, de  uma nova construção da história política e econômica.
               Privilegiando uma discussão historiográfica que é por si extensa, trata-se de verificar qual o papel a ser desempenhado pelo historiador, como observador- escritor. Cabe ao historiador selecionar e analisar as fontes históricas escolhidas por ele e estar atento ao grau da sua interferência  ( parcialidade/ imparcialidade), na produção textual de sua trama.
           Pode-se afirmar que o interesse do historiador é subjetivo. Sua análise decorre de suas preferências pessoais, institucionais; ou mesmo de uma ideia que lhe veio a mente. A liberdade de escolha temática do historiador para escrever sobre um evento histórico, não pode sob nenhuma hipótese, ser confundida com arbitrariedade. O trabalho do historiador exige dele uma compreensão das tramas (citando mais uma vez o termo usado por Paul Veyne); assim como uma análise comprometida dos fatos históricos.
             A explicação histórica dada pelo historiador deve servir para explicitar os acontecimentos; para oferecer uma compreensão ao leitor de determinados eventos históricos, sob um olhar que é cientifico, treinado para decifrar o fato histórico, para relativizar culturas (sem realizar qualquer tipo de julgamento de valores), e por fim, para manter o seu compromisso com a verdade histórica.

sábado, 16 de julho de 2016

OS ATORES DO SISTEMA INTERNACIONAL




OS ATORES DO SISTEMA INTERNACIONAL
No sistema internacional circulam dois tipos de atores: os estatais e os não estatais. Os estatais, obviamente, referem-se aos próprios Estados, já os não estatais estão divididos em  Organizações Internacionais Governamentais (OIGs) e Forças Transnacionais (FTs).
 O Estado quando surgiu no século XVII, com a assinatura do Tratado de Vestfália[1], em 1648, estabeleceu os seus princípios clássicos de soberania e autonomia[2]. Até meados do século XX, os Estados eram praticamente os únicos agentes internacionais. Em outras palavras, o Sistema Internacional clássico estava marcado por uma dimensão interestatal da Política Internacional. Neste Sistema de Estados a centralização e a secularização do poder eram as principais marcas do poder político. Sob esta perspectiva, o Sistema Internacional estava formado por Estados soberanos.
Atualmente, os Estados não são mais os únicos atores das Relações Internacionais. Outros atores não estatais do SI são as OIGs e as FTs.
As Organizações Internacionais Governamentais (OIGs), também chamadas de intergovernamentais, passaram a ter importância no Sistema Internacional (SI), sobretudo no pós II Guerra Mundial (1939-1945), quando passaram a promover a aproximação pacífica e a articular o processo de cooperação entre os Estados. As Organizações Internacionais Governamentais (OIGs) emergiram no Sistema Internacional como atores importantes da negociação diplomática, como mediadoras das relações entre os Estados.
Quando os Estados se comprometem com as OIGs, concordam também em abrir mão de parte de suas soberanias para respeitar a Carta ou Tratado estabelecidos por estas instituições. Fatalmente, as OIGs passaram a ter maior autonomia para desempenhar  um papel estratégico como fórum de negociações e tomadas de decisões na resolução de conflitos.
 Por fim, os atores ou Forças Transnacionais (FTs) atuam no Sistema internacional como um ente capaz de estabelecer fluxos ou relações em nível internacional. Em outras palavras, as Forças Transnacionais representam diferentes fluxos privados que podem afetar a política dos Estados. Compõem as Forças Transnacionais: empresas multinacionais, ONGs, grupos organizados da Sociedade Civil e a própria opinião pública internacional.


Recomendação de Leitura:  Mônica Herz &Andrea Ribeiro Hoffmann- Organizações Internacionais- História e Práticas.. Rio de Janeiro, Elsevier, 2004
Sobre a Teoria das  Relações Internacionais, assistir o criativo trabalho de alunos de graduação em Relações Internacionais da Unesp (publicado em maio de 2014). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dSjm8PQe9Vk





[1] Para as Relações Internacionais, o marco da ascensão e afirmação do Estado foi a assinatura do Tratado de Vestfália em 1648, assinado no fim da Guerra dos Trinta Anos.
[2] O Tratado de Vestfália consolidou o princípio básico do Estado em termos da  afirmação de sua soberania política em um determinado território . De acordo com o Tratado o reconhecimento dos demais Estados 

domingo, 3 de julho de 2016

HISTÓRIA OU RELAÇÕES INTERNACIONAIS?


HISTÓRIA OU RELAÇÕES INTERNACIONAIS?

             Historiadores, estudiosos e  amantes da História, sem dúvida, são indivíduos ávidos pelo conhecimento humano. Analistas em Relações Internacionais são aqueles que através da sua ação política e transformadora sobre o mundo em que vivem, podem atuar na resolução de conflitos e na consultoria no meio governamental- internacional. A  questão que se coloca me parece essa: A História seria um meio, as Relações Internacionais um fim? Enganam-se. A semelhança que há entre as duas áreas é a de que elas trabalham com a generalidade da Ciência Humana e que atuam em caminhos próximos que atendem a determinados fins. 
          A História e as Relações Internacionais são ciências entrelaçadas, de caráter multidisciplinar. O Historiador é um Internacionalista, um Internacionalista é um Historiador. São ambos analistas da história política, da natureza dos Estados, da economia internacional, do comportamento sócio-cultural das nações, das diferenças étnico-religiosas e principalmente, são responsáveis pela construção simbólica do amanhã.
     A História permite que o profissional transite entre o Ensino básico, Fundamental,Médio e Superior. O historiador também atua como  prestador de consultoria, na medida em que é um produtor de conhecimento( atuando inclusive em lugares de preservação da memória). O Internacionalista está habilitado a atuar  em Consulados, no Itamaraty, como consultor em empresas privadas e  também em organismos do Terceiro Setor. 
           As Relações Internacionais permitem que o Historiador contemporâneo transite entre o presente e o passado com  um olhar mais dinâmico, com uma postura mais atuante,mais global, mais crítica e mais participativa. Assim, o Historiador acaba aprofundando seu conhecimento e agregando novos fatos ao seu arsenal-baú de informações, para analisá-los, relacioná-los , criticá-los, produzindo assim mais  e mais conhecimento.
          O Internacionalista, por outro lado, não dispensa a historicidade dos fatos, a análise específica e aprofundada do conhecimento adquirido pelo Historiador, para atuar então na resolução de conflitos,nas intermediações e  intervir como interlocutor do interesse do Estado que representa.
          O historiador contemporâneo que envereda pelas Relações Internacionais afasta-se de uma posição  muitas vezes vista como estagnada do passado. O Internacionalista, ao se deparar com o passado, necessita ser um agente transformador da realidade presente.
                                                
                                                                 Aline Neri Magalhães/Aline Magalhães de Melo
       
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        Recomendo aos que  possuem dúvida sobre o curso de RI acesse a entrevista feita com  Paulo José dos Reis Pereira ( Coordenador do Curso de Relações Internacionais da PUC-SP : //www.youtube.com/watch?v=kp1BnAyhtXk

      Recomendo para a reflexão sobre o que faz o historiador ?  Assista o video com a entrevista do melhor historiador/cientista político que temos:José Murilo de Carvalho na Roda Viva https://www.youtube.com/watch?v=r2yMkdRQWkc